terça-feira, 16 de outubro de 2018

Poema feito para um trabalho de história: A alma da resistência




Junto aos meus amigos 
Seríamos grandes guerreiros 
Os guerreiros destemidos

Todos pareciam descontraídos 
Poucos, desiludidos 
Como meu pai, que tinha ar de preocupação 
Com uma certa precaução 
Já que fora avisado 
Que os caçadores viriam 
Dali levariam vidas e famílias

Vidas estas que ao amanhecer 
Foram surpreendidas por alvoroço
Pânico, gritos, tiros 
A voz da dor

O que eram as armas de nossos guerreiros
Comparadas as armas de fogo dos seus caçadores 
Capturados como animais 
Levados sem nenhuma gota de dignidade 
Tratados sem flexibilidade, como meros selvagens

Nossas mãos e pés foram amarrados
Juntos, com nossos desejos
Juntos, com a nossa vontade existir
Já que a sensação generalizada
Era só não querer estar aqui 

Todos estavam exaustos 
Mulheres, crianças 
A fila de vidas sofridas 
Ficava cada vez maior
Andávamos milhas 
Até chegarmos ao nosso próprio abatedouro

Após a chegada naquele lugar
Percebi onde estava
Na cidade que meu pai 
Tanto falava
A desonrosa 
Onde seres humanos são vendidos

Fomos cercados
Colocados como mercadorias
Sem nenhuma alegoria
Em uma jaula como desprezados 
Escravos levados, descalços, exaustos 

Dois comerciantes 
Olhavam para nós 
Onde escolhiam a dedo
Qual de nós seria 
A oferenda perdida

Levaram-me dali 
Como um monstro 
Tiraram tudo de mim
Sangue e dor 
Tudo para satisfazer 
A necessidade de um humano castrado 
Para cuidar de mulheres 

O que eu senti? 
Ao meu ver é difícil dizer
Não há como descrever o que senti naquele dia 
Com isso desperdiçaram uma vida
Uma vida que pra eles era apenas uma inútil existência
A existência imunda que eles descreviam 

Ali foi o meu fim, perdi tudo que tinha 
Foi além de doloroso, foi sem alma, sem humanidade 
Naquelas rotas marítimas muitos que amei morreram 
Muitos foram maltratados até a morte 

Será que fora tanta má sorte então, ter morrido antes
De ser chicotado por monstros?
Tudo que queria é saber como estão os que amo 
Mas nesse mar de sangue negro 
Apenas há pesadelos 


Olá não estranhem esse poema aqui no blog
Eu o escrevi para um trabalho de história 
Gostei tanto de escrever que tive vontade de deixá-lo aqui

Baseado no primeiro depoimento desse vídeo  >>clique aqui para ver o documentário<<

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